segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Quando se trata dos que foram e nunca voltaram pra explicar como é

Enquanto agosto é mês de cachorro louco, novembro é ainda mais engraçado.
Particularmente, nunca vi um cachorro louco, tampouco em agosto, e desconheço o uso da expressão.
Por outro lado, já cansei de ver histórias de pessoas que se tornaram milagrosas depois de morrer. Anualmente elas são notícia no mês de novembro, já que os cristãos comemoram o dia dos finados no dia 2 (seria uma comemoração?).
Pelo sim, pelo não, 2 de novembro é uma data para relembrar ente-queridos, outros nem tão queridos assim.
Em todo cemitério tem um túmulo que se destaca e, se não for do Ayrton Senna, pode ter certeza que é de um desconhecido em vida que agora é um morto famoso e milagroso. Na maioria das vezes, pelo menos nas histórias que conheço, o candidato a santo é mulher, jovem, e morreu em alguma tragédia que, na época, foi extremamente comentada.

Tudo bem, isso tudo pode parecer mórbido, mas não deixa de ser engraçado. O ritual é sempre o mesmo...túmulos abandonados durante o ano...cemitério florido nessa época. E tem sempre aqueles parentes mão de vaca, que para não gastar com flores todos os anos, entregam as flores ao falecido no dia 1º e as tiram no dia 03.

Essa época, além de me fazer refletir sobre as histórias milagrosas, também me faz lembrar de uma reportagem que vi quando criança sobre as formas de homenagem aos falecidos dos ciganos, que deixam comida ao invés de flores. Comentei com meu pai, de forma extremamente preconceituosa embora seja admissível para uma criança,sobre como os ciganos deviam ser bobos, pois nem no meu fantástico mundo de Bob conseguia imaginar alguém levantando da tumba pra comer.
A resposta do meu pai foi simples, mas impressindível para que começasse a perceber e aceitar as diferenças:
"E por acaso você já viu um morto cheirar as flores?"

Por hora, nunca presenciei um milagre, nunca vi defunto comendo, nem cheirando flores.

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