sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Quando se trata de Fernando Meirelles



Criação é assim.
Como um lance de dados,
jamais abolirá o acaso.

Fernando Meirelles, ao comentar sobre uma cena na gravação de seu mais novo projeto, o longa Blindness - Ensaio sobre a cegueira.
Pra quem quiser acompanhar
o Díário de Blindness é só acessar

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

LINGUAGEM




Língua.
Linguagem
Cala boca.
Grita!
Apenas sorri.
Linguagem.
Agem. Eu, tu, ela, nós.
Linguagem age.
E agem na linguagem.
Agora ajo no que escrevi.
E você nas palavras que lê.
Assim línguas agem.
Pessoas e coisas agem.
E sempre, eternamente agem.
Linguagem.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Os Educadores, realidade, Sartre e Norman


Em um final de semana sem nada pra fazer, se encontra o que fazer.

Por indicação, assisti o filme alemão "Os Educadores", de Heins Weingartner. Basicamente, o longa retrata a inconformidade de três jovens com o sistema em uma sociedade aparentemente apática.

Entre passeatas e outras formas de expressar seus ideais, dois deles passam a "invadir/ocupar" mansões não para roubar, mas para conscientizar. Para isso, eles apenas mudam os móveis do lugar deixando recados como "você tem muito dinheiro".

Sim, há um romance na história, doce como o filme.

O resto da história?
Veja-o , vale a pena!


Bom, falei do filme porque depois de assistí-lo as coisas parecem ter vindo a superfície. Na tarde de hoje, um dos e-mails que recebi mostrava a maior piscina do mundo, localizada no Chile, no resort San Alfonso Del Mar. Ela possui 1km de extensão e capacidade para 250 mil m³ de água, ou seja, o equivalente a 6 mil piscinas, digamos, "normais".


Mais tarde, caiu em minhas mãos a deplorável Veja, que entre algumas aberrações, falava de um tal de Alaweed Bin Talal, que depois vim saber se tratar de um príncipe saudita. Pois bem, o tal pricipezinho, que pra mim não passa de um narcisista afagando seu próprio ego, é a única pessoa no mundo a ter um Boing 747-400 de uso particular. Além disso, encomendou um Airbus A380 que, segundo a Veja (veja bem) é o maior avião do mundo.


Dessas duas leituras fiz ligação direta com o filme. Pra que cargas d'águas essas pobres almas precisam disso? De uma piscina gigantesca, quando se tem o mar logo ali e, mais que isso, ter o maior avião já fabricado no quintal de casa?


Minha terceira leitura do dia, parece responder em partes essas questões. Para Sartre, temos e somos o que escolhemos. Temos liberdade de escolha, assim, de acordo com nossas opções passamos a ter responsabilidades e compromisso social. Somos intenção, que por sua vez provoca ação.

Grandes ações...grandes pontos de vista!

Quem resume (e bem) todos esses pensamentos desconexos é Norman Mailer

"veja o mundo com seus próprios olhos e suas próprias palavras.

veja pelo viés ou ponto de vista de seu caráter."


ao final, meu ponto de vista está errado para o dono do resort, para os que o frequentam, para o príncipe e para uma infinidade de outras pessoas.

São escolhas.

sábado, 17 de novembro de 2007

Tropa de Elite



Pela primeira vez na história o lançamento de um filme aconteceu simultaneamente aqui e no restante do mundo. Tropa de Elite chegou em todos os cantos do país graças a pirataria. Infelizmente, o filme só entrou em cartaz no cinema esta semana no velho oeste.


Antes disso, rumores e mais rumores. Na mídia, nos bares, nas salas de domingo enquanto o faustão falava pra ninguém ouvir e, é claro, no trabalho.


Foi estratégia de guerrilha. Diziam uns (eu acredito que foi), enquanto o diretor falava que foi furo... pelo sim, pelo não...rondava pela agência uma cópia pirata.

Sim, foi assim mesmo que o vi pela primeira vez.


Se isso justifica, Tropa de Elite já é o filme mais visto nas salas de cinema neste ano, superou o global A grande família. Sem sombra de dúvida é um dos filmes brasileiros mais vistos em todos os tempos.

Por todos os sites que andei vi críticas e observações quanto ao roteiro, direção, estratégia e tudo mais. Pra mim, Tropa de Elite representa um pouco mais. Ele levou às salas, além de cinéfilos, brasileiros que não frenquentam rotineiramente as salas, e até os que só assistem hollywodianos.


Tropa de Elite fez brasileiro ter orgulho de filme brasileiro. Além do filme ter me agradado em grande parte dos aspectos técnicos, Tropa de Elite me fez sentir que a partir de agora entramos numa nova era do cinema nacional, que inicia o processo de estabilização como um cinema próprio e de qualidade, que a maioria da população desconhecia por preconceito e pela doutrinação a que passamos ao longo dos anos em relação ao cinema de efeitos especiais norte-americano.


Daqui pra frente, meu desejo é ver as salas de cinema lotadas vendo o que produzimos. Espero que nas locadoras ocorra o mesmo processo e que as escolas comecem a instigar os alunos com a utilização de nosso cinema.


Espero que Chapecó entenda tudo isso, espero que nosso maior órgão representativo na área na cidade, a Fundação Cultural, não pense que isso é coisa que acontece só em capitais. Se assim o entenderem, é bom que se saiba que nenhuma "capital do empreendedorismo" perdura sem produção cultural. Espero que a partir de agora nossa produção "local" também seja valorizada e que todos entendam que cultura não se faz de Efapi!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Vá!

Projeto Palco Giratório - Rede Sesc de Difusão e Intercâmbio das Artes Cênicas
Espetáculo: Aquelas Duas - Grupo Depósito de Teatro (RS)
Sinópse: Duas ex-prostitutas, Dolores e Firmina, aparentemente velhas, convivem há anos na mesma casa. Trazem nas suas atitudes e personalidades traços, distintos. Conservam suas manias, neuroses, aflições como a base de sustentação da própria existência, mas acima de tudo dependem uma da outra para continuarem vivas. Fermina, aluga uma cama para Dolores. O jogo de poder e submissão se estabelece. O sentimento e a pratica, o pensamento e a ação, o afeto e a ausência. O mundo feminino com todos os seus defeitos e virtudes aprisionadas nessa reflexão. A brincadeira com a própria existência cronológica. Duas mulheres que podem ser, a qualquer momento, crianças, adultas ou velhas. Duas mulheres que podem ser uma só. Dia:15/11/07

Horário: 20h
Auditório SESC Chapecó.
Ingressos: Comerciários, dependentes, estudantes, professores ou idosos R$5,00 Público em geral:R$10,00
OBS: Espetáculo para maiores de 18 anos Informações: 49 3322 2636

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Quando se trata dos que foram e nunca voltaram pra explicar como é

Enquanto agosto é mês de cachorro louco, novembro é ainda mais engraçado.
Particularmente, nunca vi um cachorro louco, tampouco em agosto, e desconheço o uso da expressão.
Por outro lado, já cansei de ver histórias de pessoas que se tornaram milagrosas depois de morrer. Anualmente elas são notícia no mês de novembro, já que os cristãos comemoram o dia dos finados no dia 2 (seria uma comemoração?).
Pelo sim, pelo não, 2 de novembro é uma data para relembrar ente-queridos, outros nem tão queridos assim.
Em todo cemitério tem um túmulo que se destaca e, se não for do Ayrton Senna, pode ter certeza que é de um desconhecido em vida que agora é um morto famoso e milagroso. Na maioria das vezes, pelo menos nas histórias que conheço, o candidato a santo é mulher, jovem, e morreu em alguma tragédia que, na época, foi extremamente comentada.

Tudo bem, isso tudo pode parecer mórbido, mas não deixa de ser engraçado. O ritual é sempre o mesmo...túmulos abandonados durante o ano...cemitério florido nessa época. E tem sempre aqueles parentes mão de vaca, que para não gastar com flores todos os anos, entregam as flores ao falecido no dia 1º e as tiram no dia 03.

Essa época, além de me fazer refletir sobre as histórias milagrosas, também me faz lembrar de uma reportagem que vi quando criança sobre as formas de homenagem aos falecidos dos ciganos, que deixam comida ao invés de flores. Comentei com meu pai, de forma extremamente preconceituosa embora seja admissível para uma criança,sobre como os ciganos deviam ser bobos, pois nem no meu fantástico mundo de Bob conseguia imaginar alguém levantando da tumba pra comer.
A resposta do meu pai foi simples, mas impressindível para que começasse a perceber e aceitar as diferenças:
"E por acaso você já viu um morto cheirar as flores?"

Por hora, nunca presenciei um milagre, nunca vi defunto comendo, nem cheirando flores.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Tem cultura no Sesc Chapecó

!!! AGENDE-SE !!!

Projeto EmCenaCatarina – Circuito Sesc de Teatro e Dança.

Grupo Dionisos Teatro de Joinville
Espetáculo: Entardecer
Nino, Maria e Ubert encontram-se em algum lugar, qualquer lugar entre a lembrança e o esquecimento. Uma janela entre o que foi e o que poderia ser, e os sons de passado que se aninham em nosso presente. Fios de tempo que nos fazem vivos pela lembrança. O espaço da memória e do esquecimento, o vivido e o contado revivido, re-significado. Existiu mesmo? Aconteceu mesmo? Contamos o que fomos ou o que poderíamos ter sido? Vida que foi ou poderia ser. Ou pode ainda ser. Entre o entardecer e o breu da noite, muita luz ainda há, mesmo que filtrada pelo tempo. Para permanecer é preciso antes entardecer.
Dia:07/11/07 – terça
Horário:20h30
Local: SESC Chapecó - Rua Brasília, 475d, Jardim Itália.
Ingresso: comerciários, dependentes, estudantes, professores (com carteira) R$ 5,00; público em geral R$ 10,00
Informações: 49 3322 2636

Exposição Desenhos do sem fim de Carlos ASP
Exposição Desenhos do sem fim de Carlos ASP Conferência de abertura O DESVENDAMENTO DO EXERCÍCIO DE FAZER ARTE com o artista Carlos Asp.
Data: 06/11
Local: Galeria Municipal de Artes Dalme Marie Grando Rauen
Horário: 20h

Curso de desenho gratuito
A oficina pretende desenvolver a construção do desenho a partir da observação de objetos, figura humana, paisagem.
No conteúdo programático consta 1) Reconhecer e utilizar os cinco elementos visuais: linha, forma ,cor, volume e textura; 2) Explorar e desenvolver desenho, direcionando interesses individuais e, 3) Desenho exploratório individual e grupal.
Carga horária: 20 h.
Vagas: 20.
Público Alvo: artistas e interessados.
Período: 07/11 – 09/11
Horário: 14h – 18h
10/11
Horário: 9h – 12h e 13h30 – 17h30
Local: EEB Pedro Maciel - Rua Assis Brasil, 119 D
Inscrições – SESC Chapecó / Fundação Cultural de Chapecó. Informações: SESC Chapecó – Brasília, 475d, Jardim Itália. F.: 49 3322 2636

terça-feira, 23 de outubro de 2007

John Butler Trio, Better Than, Taratata

Essa música?
Fogueira, praia, amigos e violão. Dançar no luar....

*John Butler Trio é uma banda australiana, que faz uma mistura de blues, folk, soul, hip hop, reggae. O resultado é essa música contagiante. John é considerado um dos maiores compositores australianos da atualidade. vale apena ouvir!

Não seria necessário, mas as palavras de Chacal traduzem o que se sente ao ouvir essa música...

"Rápido e Rasteiro

Vai ter uma festa
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar.
aí eu paro
tiro o sapato
e danço o resto da vida."

domingo, 21 de outubro de 2007

Tempo que diz

"De tempo que somos.
Somos seus pés e suas bocas.
Os pés do tempo caminham em nossos pés.
Cedo ou tarde, já sabemos, os ventos do tempo apagarão as pegadas.
Travessia do nada, passos de ninguém? As bocas do tempo contam a viagem. "

Eduardo Galeano



Se pudesse escolher quem serei quando crescer, Eduardo Galeano estaria entre minhas pretenções. Como isso é impossível, fico feliz por no muito de eu mesma existir um pouco de Galeano, isso já significa muito.

No livro Bocas do Tempo, o autor relato histórias vividas por ele e que traduzem um pouco de nós e de nossa sociedade.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Quando se trata de comidas e capitais

Hoje estava conversando com um amigo (leia-se Joanes) sobre como nossa cidade é engraçada. Entre tantas peculiaridades, chegamos no tocante “comida”. È fato que se você for procurar algo pra comer depois da meia-noite vai, na linguagem popular, morrer de fome. Primeiro porque são poucas as opções e segundo porque as que existem ou são sujas ou são caras. Caras para uma capital do fim do mundo.
Conversa vai, conversa vem e comentamos sobre o tal do Crurraskito, não bastasse o nome enfeitado ainda cobra o valor de um boi inteiro por um mísero espetinho. É claro que em grandes capitas, no Rio de Janeiro por exemplo, que é a capital nacional do turismo, um espetinho de R$ 5,00, bem feitinho e gostoso, não é considerado caro. Agora, oferecer esse preço na “Capital Nacional da Agroindústria” parece piada.
Partindo do pressuposto que somos a capital do porco e da galinha (sim, pode rir) pagar R$ 5,00 de um espetinho de qualquer coisa é no mínimo hilário, sendo que no mercado o quilo de qualquer uma dessas carnes é bem menor do que o tal do espetinho. É, vivemos na era da praticidade.
No entanto, se a gente viajar um pouco mais pelas capitais do velho Oeste, a história é ainda melhor. É inacreditável, mas em Santa Catarina tem cidade que tem mais porco do que gente. Xavantina é a Capital Nacional per Capita de Suínos, título conquistado pelo plantel permanente de 210.000 suínos na cidade de pasmem, apenas 4.391 habitantes, segundo o próprio site do Estado catarinense.
Mas a lenda Oestina ainda não acabou, temos a Capital Nacional do Milho: Xanxerê, e a Capital Estadual da Melancia: Caxambu do Sul.
Bom, quando decidirmos ir para o exterior e nos perguntarem de onde somos, poderemos dizer: De Chapecó, Capital da Agroindústria que fica próximo a Xavantina, capital. blá, blá, blá (o resto vocês já sabem).
Não bastasse tudo isso, ainda há outro marco da localização: Chapecó faz divisa com Cordilheira Alta, primeira cidade privada do Brasil. Ou será do mundo?



quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Amigos vivem para sempre

"Neste livro as fotografias, que são o retrato da realidade, vêm acompanhadas por pequenos poemas que tentam expressar com palavras o que, às vezes, a imagem não consegue dizer. Mas, que fique bem claro que toda foto é interpretada de acordo com a subjetividade de cada um, portanto, a real interpretação cabe àquele que estiver folhando essas páginas."

Elisandra Lucotti
1981-2007

Fragmentos do livro "Instantes capturados", que é um pedaço da minha história, da história da Eli e de várias outras pessoas.


Na foto, fragmentos do que as palavras não conseguem dizer...
mas que é possível sentir.
Te amo pra sempre menina!

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

O fim da história sem fim


Era uma vez um gato xadrez...
Estava na rua.
Miando.
Andando.
Pulando.
Era uma vez um gato xadrez...
Passou por entre o muro. Subiu no telhado. Depois desceu.
Era uma vez um gato xadrez...
Que continuava miando.
Que continuava andando.
Que continuava pulando.
Era uma vez um gato xadrez...
Olhou. Um pé. Depois outro. Pulou no cesto de lixo. Derrubou. Arranhou. Encontrou restos de comida. Comeu.
Era uma vez um gato xadrez...
Saiu de perto do cesto. Sentou no meio-fio. Olhou para traz. Observou a noite. Passou a língua nos lábios. Lambeu a pata direita. Passou sob sua cabeça. Lambeu a barriga. Engoliu os pêlos. Banho de gato.

Silêncio.

Passos de pessoa.
Assustado, saiu correndo. Atravessou a rua sem olhar para o lado.
Zazzzzzzzzzzzzzzzz!
Era uma vez um gato xadrez...
Era uma vez.

domingo, 7 de outubro de 2007

O que você vai contar para os seus netos?

A cidade ferve. É tempo de Efapi "nossa maior feira".
Fotografia do que foi e do que Chapecó é: uma cidade interiorana, que mantém e segue até hoje a teoria positivista de "ordem e progresso". Embora a feira tenha crescido no decorrer de suas 16 realizações (assim falam os que participaram desde a primeira realização), ela mantém ano após ano as mesmas características: venda, venda, venda.
E para divertir o povo "os melhores shows nacionais". Você está certo disso? Não quer ajuda dos univerasitários???
Todos os anos, são distribuídas urnas pela cidade como uma "forma democrática da escolha das mega atrações culturais". No fim das contas, sem que seja comunicado ao respeitável público a forma democrática de escolha de shows, são fechados pacotes, priorizando sempre quem está na moda e que daqui a 2 dias ninguém mais vai lembrar.

Os shows pagam a geração de negócios. Reflita comigo.

Reflexão 1: A feira é realizada para que o empresariado possa fechar parcerias, crescer e vender.
Reflexão 2: Isso traz lucro para as empresas e status para a cidade "empreendedora".
Reflexão 3: Alguém precisa pagar a feira.
Reflexão 4: O povo adora pagar.
Reflexão 5: Vamos pagar a feira com a venda dos ingressos, para isso precisamos trazer a população para a feira. Logo, vamos trazer os shows da moda.
Refelxão 6: Uma festa para todos: para os empresários que lucram; para os que tem dinheiro para pagar a entrada.

Resultado deste ano: Cezar e Paulinho, Skank, Bonde do Forró, Daniel, Bruno e Marrone, Jota Quest, Inimigos da HP, Edson e Hudson.
Mas não esqueçam, segunda e quarta tem entrada gratuita com direito a show de Canta Sul e Ministério de Adoração Toque no Altar.

Ã?
Pão com ximia, por favor!

sábado, 6 de outubro de 2007

Sui Generis

Grande banda argentina das décadas de 60 e 70. Vale ouvir o som.
Abaixo a música Necesito, do álbum "Vida", de 1972. Aos interessados, tenho alguns mp3 para repassar.

Dica: Coloque o som a todo volume e feche os olhos.
http://www.youtube.com/watch?v=Pm820ENUIrw

Música: Necesito
Charly García

Necesito alguien que me emparche un poco
y que limpie mi cabeza
que cocine guisos de madre
postres de abuela y torres de caramelo

Que ponga tachuelas en mis zapatos
para que me acuerde que voy caminando
y que cuelgue mi mente de una soga
hasta que se seque de problemas y me lleve...

Y que esté en mi cama viernes y domingo
para estar en su alma todos los demás
días de mi vida

Que me quiera cuando estoy
cuando me voy, cuando me fui
y que sepa servir el té, besarme después y echarse a reir

Y que conozca las palabras
que jamás le voy a decir
y que no le importe mi ropa
si total me voy a desvestir
para amarla, para amarla

Necesito alguien que me emparche un poco
y que limpie mi cabeza
que cocine guisos de madre
postres de abuela y torres de caramelo

Si conocen alguien así,
yo se los pido
que me avisen porque es así
totalmente quien necesito

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Susan Glaspell

Hoje, uma dica.
Recebi por e-mail a recomendação de um site que vale visitar.













http://www.luciasandersusanglaspell.com/

O site é dedicado a Susan Glaspell, autora que eu desconhecia, mas que despertou em mim grande curiosidade. Construído a partir de estudos de Lucia Sander, a página conta a vida e obra dessa artista norte-americana. Longe de ser um enlatado dos EUA que estamos acostumados a consumir, a obra de Susan parece fascinante.

Lucia Sander, em parceria com compositora e maestrina Dora Galesso, produziu o filme Susan. Alguns trechos da produção estão a disposição no site. Através deles, é possível perceber a forma simples e apaixonante da vida de Susan. Ela parece ter sido uma daquelas pessoas que pegam as palavras no ar, procurando a que melhor expressa o que está sentindo. Justamente por deixar extravasar o que sente, não apenas sobre a sociedade, mas também em relação a sua vida particular, é que a obra de Susan é grandiosa.


Obs.: No site http://www.dominiopublico.gov.br/ é possível encontrar, embora em inglês, três de suas obras.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Entre o Brasil e a Argentina



Um dia me falaram de lugares mágicos. Eles realmente existem, eu mesmo já estive em alguns. O engraçado é que eles tornam-se mágicos por vários motivos e não necessariamente são mágicos para todas as pessoas. Mais que isso, a atribuição de magia é algo bem subjetivo. No entanto, não é sobre o emprego de magia que cada um dá aos lugares que pretendo falar nesse texto, e sim sobre um desses lugares mágicos que conheci há poucos dias.
Há pouco mais de um mês estive em uma região onde tudo parecia estar fora de lugar (essa é uma das minhas observações sobre lugares mágicos). Estranho e engraçado ao mesmo tempo. Até as árvores pareciam esquisitas e olha que, normalmente, elas não se diferenciam muito a não ser pela espécie, já que são seres imóveis. Bem, o lugar mágico a que me refiro é a divisa seca entre Brasil e Argentina, nas cidades de Santo Antonio do Sudoeste – PR - Brasil, que faz divisa com S’Antônio, província de Missiones - Argentina; e em Dionísio Cerqueira – SC - Brasil e Bernardo de Origogi – Missiones - Argentina. Dois mundos completamente diferentes separados unicamente por aduanas.
Sabe aqueles desenhos animados em que os personagens passavam em uma cachoeira e estavam em outro mundo. Lá é assim: de um lado todo mundo fala o velho e bom português - é claro com algumas peculiaridades devido a variação lingüística - e, a menos de 200m dali, as coisas mudam de lugar e o português é substituído pelo espanhol.

Em primeiro lugar lá dinheiro brota. A desvalorização do peso devido a crise Argentina é tão grande que num piscar de olhos multipliquei meu dinheiro na conversão de reais para pesos. Eu queria que tivesse uma árvore que fizesse isso por mim todos os dias. Tudo bem, poderia ser aquele senhor de jaqueta de motoqueiro – provavelmente comprada na Argentina – que converteu nossos reais naquela tarde fria de agosto.


Neste lugar mágico tudo tem outro sentido, não apenas pelo fato de viverem uma cultura diferente (o que acontece em qualquer lugar), mas pela inconstância que vivem os habitantes daquela região, tanto brasileiros quanto argentinos. A constante oscilação das moedas dos dois países faz com que ora brasileiros lucrem com o comércio, ora argentinos. E assim, devagar e sempre, a vida vai seguindo.
O comércio ilegal é grande. O fluxo de brasileiros que atravessam a fronteira em busca de melhores preços aumenta cada vez mais. Com a moeda desvalorizada, a gasolina na Argentina chega a custar a metade do preço. As donas de casa fazem a festa e os amantes de bebidas com certeza devem achar estar no paraíso. Bons, vinhos, bons wisks.
No entanto, o mais surpreendente não foram os preços baixos ou o modo de vida simples e corriqueiro daquelas cidades argentinas, mas a oferta de um comerciante que possui um estabelecimento em frente de uma das aduanas. Depois de olharmos sua mercadoria e não levarmos nada, ele começou a nos oferecer produtos numa linguagem que misturava português e espanhol – o famoso portunhol. Vendo que realmente não levaríamos nada ele nos oferece:
- Maconha, cocaína, muniçon? (exercite seu portunhol)
A improvável pergunta do comerciante me fez rir. Não sabia se ele nos achou diferentes das pessoas que rotineiramente fazem compras na cidade (leia-se com cara de traficantes ou usuários de drogas), ou se de fato eu estava no faroeste. Ao fim, saímos de lá sem entender o verdadeiro motivo da oferta, mas certos de que lá, de fato, tudo acontece.

Não bastasse essa inesperada surpresa, devo confessar que o lugar mágico também me decepcionou. Um dos grandes atrativos argentinos são os cassinos, pelo menos para nós que vivemos em um país onde o funcionamento deles é proibido. Foi a primeira vez que entrei em um e, justamente por isso, a imagem ou fantasia que criei dos cassinos era mais ou menos a que vemos nos filmes de Hollywood. É claro que imaginei um lugar bem menor que os vistos nos filmes e com pessoas com características daquela região.
Isso de fato acertei. O lugar não tem dois andares e é pouco maior que meu apartamento. A identificação visual externa passa despercebida, caso não tivessem me contado que aquilo era um cassino não o encontraria. O local é bem iluminado internamente, mais parecido com uma sala de jogos de adolescentes norte-americanos do que propriamente o cassino da minha imaginação – com menos luzes e muitas pessoas na jogatina nas mesas.
Fora isso, o que mais me impressionou, além dos enormes copos onde é despejado todo conteúdo das Quilmes e Budwiser de um litro (que maravilha), foi o tipo de músicas tocadas no cassino, que funciona após a meia-noite como ponto de encontro dos jovens das redondezas. Ansiosa por ouvir ritmos argentinos acabei ouvindo apenas músicas brasileiras. Isso seria um fato relevante se as músicas não fossem, em sua maioria, do início dos anos 90 e de estilos musicais que não ouço geralmente.
É estranho o cassino estar tão próximo do Brasil e viver um cenário musical ultrapassado. Depois fui perceber que essa é mais uma das peculiaridades do lugar mágico. Algumas coisas parecem ter parado no tempo, ou o tempo de hoje talvez não chegou por lá. Embora eu tenha criado uma falsa fantasia (há possibilidade de existir uma fantasia falsa?) em relação ao cassino, sinto vontade de voltar. Os lugares mágicos são diferentes e é isso que os tornam inesquecíveis.

Começar (ou recomeçar) com música


É uma boa pedida.
Um final de semana chuvoso é perfeito para se pensar na vida, em poesia, em paixões e tantas coisas mais que parecem não encontrarmos tempo nos domingos quentes de verão.

Música, para mim, é uma transcendência, um sair de onde estamos para encontrar numa melodia uma simplificação do que somos.
E é justamente essa unicidade que procurava, que não encontrei nas músicas que são produzidas em Chapecó. Não que a produção local seja ruim, nem tão pouco é singular. O cenário musical se mantém, no entanto, não temos uma identidade musical como a encontrada no rock gaúcho ou na produção musical do recife (uma das minhas paixões nos últimos tempos, que tem me proporcionado ótimas surpresas).
Aqui as coisas parecem acontecer de uma forma diferente, a preocupação é fazer música global e as características regionais raramente aparecem.
E é justamente essa presença do que somos que falta em nosso cenário musical. Mostrar quem somos em ritmo e letra, transformar nosso dia-a-dia em música e registrar nossa identidade. Esse é o desafio.

Obs.: Trilha musical para o post: La bailarina – Ricardo Pacheco
http://www.garagemmp3.com.br/ricardo-pacheco